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7 brinquedos que você ganhou e não demorou muito para se arrepender

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Atormentar mamãe e papai por causa de um brinquedo, no Natal, Dia das Crianças ou seu aniversário, é uma tradição, e acho até que nossos pais estranharíamos se simplesmente disséssemos “Sei que esse é um ano de recessão, papai; prefiro que o senhor use o dinheiro do meu presente para comprar títulos da dívida, eu vou entender”. Para desgosto de nossos pais, além de azucrinar por causa do presente, virava e mexia a gente logo enjoava deles – o Puxa! listou sete, para você sentir aquela nostalgia e cair na real logo em seguida.
do Vinicio dos Santos


#7 Gameshark

Por que você queria tanto? O Game Shark era um periférico, lançado originalmente para Playstation e Saturn, que alterava os jogos através de códigos, dando ao jogador vidas ilimitadas, dinheiro infinito, todos os pokemons ou localização de minas de petróleo e gás no Brasil.

E porque nos arrependemos ainda mais: porque o Game Shark funciona como o Um Anel – abuse do seu poder e uma hora vai dar uma merda braba. Como o Game Shark alterava os jogos, cedo ou tarde eles travavam por completo ou ficavam inoperantes como sumiço de personagens. Você matava o chefe e, ao invés de seguir de fase, ficava caminhando por uma tela preta, e sei de gente que mantém o videogame ligado até hoje, na expectativa de que termine o now loading.

#6 Sapo Chulé

Por que você queria tanto? Fabricado pela Tec Toy, o Sapo Chulé era um bonequinho para fazer valer a máxima do sapo que não lavava o pé, porque ele era quem ele era, não quem as pessoas queriam que ele fosse. Todo verde, com uns olhões esbugalhados, o Sapo Chulé tinha uma surpresinha: você tirava o sapato dele e ele tinha chulé de verdade!

E porque nos arrependemos ainda mais: o sadismo – perdão– a graça do Sapo Chulé estava em levá-lo para a escola e fazer seus amiguinhos cheirarem o sapato do animal,  exclamarem “que chulé!”, e todos ririam e nunca mais teriam vontade de fazer nada parecido, porque o negócio realmente fedia a um chulé estratosférico, como se o sapo tivesse marinado os pés num vômito de queijo por meses. Passada a primeira piada, o que te sobrava era um boneco que devia ser manuseado com muito cuidado, até que você não agüentava mais de temor e prendia o sapo numa caixa de sapatos, deixando ele asfixiar até a morte. E aí já não adiantava mais o sapo lavar o pé; aliás, nem cortando o pé tinha jeito.

#5 Boneco que cresce cabelo

Por que você queria tanto? O Mr. GrassHead é um brinquedinho estrangeiro dos anos 90, que consiste de uma cabeça feita com estopa de onde nasce grama; coloque dois olhinhos e uma boca e você começa a ter cabelo verde nascendo todo dia, implorando para ser aparado e cortado de acordo com o último grito da moda em Paris.

E porque nos arrependemos ainda mais: há um motivo pelo qual não cortamos nosso próprio cabelo: precisamos ter talento para isso, ou pelo menos um bom cursinho no SENAC. Todas as idéias de moicano, máquina zero, topete do ronaldinho ou estilo Beakman fracassaram terrivelmente na hora de cortar o cabelo do bonequinho, e aí você não teve outra escolha senão cansar do brinquedo e devolve-lo para terra do seu quintal, onde ele completaria o ciclo da vida de que nos fala Mufasa. E você terminaria sua experiência com uma certeza: só pode haver um Jassa no mundo.

#4 Tamagochi

Por que você queria tanto? Porque era um bichinho de estimação que você carregava para cima e para baixo, do tamanho de um minigame, e cuja sobrevivência dependia das suas habilidades de criação, o que explica o nome original japonês “Tamagochi”, que significa “Eutanásia para crianças”. Poucas crianças da nossa geração tiveram mesmo um Tamagochi, já que ele custava uns 60 mangos numa época de quilo de frango a R$1,50, mas a nostalgia é a mesma! Aliás, queria aproveitar e mandar um abraço para o meu finado Hako Hako Dinokun.

E porque nos arrependemos ainda mais: pelo mesmo motivo que nos arrependemos de adotar cachorros, termos namoradas e criar filhos – não estamos a fim de passar o resto das nossas vidas tomando conta de outra coisa! Era divertido ver seu dinossaurinho crescer da primeira vez, e mais divertido ainda matá-lo de tanto sorvete na segunda, mas na terceira experiência, quando o desgraçado precisava alcançar a felicidade numa partida de jô-kem-po as quatro da manhã, você estava convicto de que era hora de desligar aquilo e, aos 8 anos, se prometia jamais ter filhos. IBGE, fica a dica de porque a natalidade caiu no Brasil na última década.

#3 Triops

Por que você queria tanto? Se você já gostava da idéia de um dinossauro virtual, e se conseguisse um dinossauro de verdade? UAU MÃE COMPRA PRA MIM!!! Em 98, depois de rodar o mundo, a Estrela trouxe para o Brasil o Triops, uma espécie de crustáceo vendida em saquinhos cheios de ovos, que você colocava na água, cuidava como  uma mamãe zelosa e – tcharan – nasciam camarões dinossauros!

E porque nos arrependemos ainda mais: porque nasciam camarões-dinossauros e não dá para fazer merda nenhuma com um bicho desses. Isso sem contar que os triops morriam por qualquer coisa, mas você só chegaria a essa fase se tivesse a sorte de fazer um deles nascer, o que envolvia um intrincado jogo de luzes, papel alumínio e técnicas do Doutor Albieri de O Clone.

Quem também se arrependeu bastante foi a Estrela: ecologistas entraram na justiça defendendo a idéia de que trazer para o país uma espécie animal que jamais existiu por aqui poderia causar desequilíbrios ecológicos, e a venda do brinquedo foi suspensa. Se você tem ovos de triops em casa, eles podem valer uma fortuna – isso se você não comeu todos eles achando que eram farofa para sorvete.

#2 Atira-Tazo

Por que você queria tanto? A febre dos tazos começou no Brasil em 97, quando crianças faziam loucuras por um, inclusive comer Cheetos. Com o sucesso, a Elma Chips capitalizou lançando “periféricos” para as competições, como um tapete para bater tazo, o master tazo, o pega-tazo (também conhecido como “não queria acertar a lente do óculos dele, diretora, eu juro”) e, por fim, o Atira-Tazo, uma pistola de tazo toda de plástico, que disparava os disquinhos a toda velocidade.

E porque nos arrependemos ainda mais: porque depois de meses diminuindo repetidamente nossa expectativa de vida comendo Fandangos só para completar nossa coleção de tazos, arranjamos um brinquedo cuja finalidade era perder todos eles. Um tazo disparado era certeza de um tazo perdido, e a molecada não poupava nem aquele tazo espanhol do Hortelino, que só Deus sabe o que tava fazendo num salgadinho daqui. Isso sem contar, evidente, a idéia saudável que é dar na mão de crianças uma arma que dispara coisas de verdade, provavelmente contra bundas e olhos de colegas de verdade.

#1 Furby

Por que você queria tanto? Lançado no final de 98 nos states, e chegando ao Brasil em 99, o Furby era um sonho: o primeiro robô doméstico de estimação! Além de custar uma fortuna, o Furby fazia inúmeras expressões faciais e falava sua própria língua, o Furbish, além de aprender inglês e conversar com outros Furbies!

E porque nos arrependemos ainda mais: porque em 1999 a gente não tinha como saber que o Furby era só um robô de 1999, o que não queria dizer muita coisa. Toda a história de que ele aprendia outra língua se você conversasse com ele era furada, já que o sistema do bichinho é que ia, aos poucos, trocando as palavras do furbinhês para o português, independente do que você pudesse dizer. E ver um Furby conversando com outro devia ser super legal, mas jamais saberemos disso, porque as vinte pessoas que tinham grana para comprar um furby no Brasil moravam longe demais uma das outras.

Mas agora, falando sério: se você tivesse assistido qualquer Brinquedo Assassino, teria coragem de deixar um bicho desses ligado na sua casa à noite?
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Vinicio dos Santosé um renomado ninguém. Volta e meia é confundido com outras pessoas, as quais ele só pode pedir desculpas e desejar melhoras. É o idealizador e quem mais posta no Puxa Cachorra!, o que revela muito sobre ele, e ainda mais sobre os outros membros. Escreve também para o Coisas Crônicas e é autor do romanceExplo - pedra e picaretagem.

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