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6 produtos que deixaram de ser fabricados e ninguém quer ver de volta

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Nostalgia dá dinheiro: só esse ano, vimos o retorno do Lollo, do lanchinho Mirabel e do Genius, e é claro que hipsters fãs saudosos irão comprar todos e dizer que tem gostinho de infância e bla bla bla. Porém, na hora de olhar para o passado, algumas marcas ficaram esquecidas desse revival capitalista, e o Puxa listou seis delas que ninguém quer ver de volta.

do Vinício dos Santos

#6 Qualquer sabor diferente de Fanta

O produto: quando a Segunda Guerra estourou, dona Coca-Cola avisou a subsidiária alemã que não ia virar manter a produção por lá. Sem xarope de coca, o dono da fábrica se virou e produziu um refrigerante com tudo o que tinha sobrado na fábrica. Assim nascia a Fanta, que em alemão significa “Hitler vive”.

No Brasil, além dos sabores consagrados de laranja e uva, a Coca já lançou Fanta Maçã, Fanta Citrus, Fanta Mix (Laranja com Tangerina), Fanta Morango, Fanta Maracujá e obscenidades como Fanta Laranja com Manga e Laranja com Melão.

E cadê aquela galerinha com saudade? Nenhum desses sabores de Fanta emplacou no gosto do público, porque ele está acostumado a expelir urina, e não consumir. De tempos em tempos, a Coca lança um sabor novo “promocional” de Fanta, mas acho que a gente já ficou esperto o bastante para entender que “promocional” significa “seu diretor, sobraram essas frutas aqui lá da fábrica do Del Valle, e elas estão para estragar; posso jogar no tonel da Fanta?”.

E em três meses, chega ao mercado a Fanta Jaca

#5 Modess

O produto: introduzido – trocadilho involuntário – no Brasil nos anos 30, o Modess revolucionou o mercado de toalhinhas para senhoritas no período menstrual. O curioso é que, se por um lado a marca virou a palavra para designar absorventes íntimos, por outro ela mesma não acompanhou as mudanças no mercado – vocês sabem, flock gel, abinhas laterais, sabor chocolate, essas coisas – e acabou sendo tirada de linha pela Johnson e Johnson em 2008, derrotada pelos outros modess que ela mesma ajudou a criar.

E cadê aquela galerinha com saudade? Dizem – eu sou um cara escrevendo esse texto, estou contando o que me falaram – que num mercado competitivo como os dos absorventes, onde o conforto sempre fala mais alto, ninguém quer o Modess de volta porque usar um tijolo na calcinha não é confortável.

Novo Modess: agora com seis dutos de ventilação

#4 Balas soft

O produto: lançada nos anos 80, a bala soft parece uma dessas balas de desenho animado: redondinha, translúcida e embrulhada num plástico transparente. Elas também mantinham outra relação com desenhos animados, mais precisamente com Papa-Léguas: foram feitas para matar. Lisinhas e coloridas, eram engolidas sem receio pela criançada, que engasgavam e tinham que ser colocadas de cabeça para baixo, de preferência em cima de um tanque da lavar roupa.

E cadê aquela galerinha com saudade? As crianças que engasgaram com a bala soft nos anos 80 são os pais dos anos 2010, e considerando como as gerações ficam mais estúpidas com o passar dos anos, o retorno da bala soft provocaria mortes em massa, com direito aos moleques postando no facebook “enganguei com bala soft #sufocando”. Alias, pensando nisso, é melhor tirarem do mercado o guarda-chuvinha de chocolate, antes que alguma dessas bestas fure o próprio olho.

Deixa a mamãe limpar essa manteiga do seu olho, deixa

#3 carros da Gurgel

O produto: a Gurgel, fundada na década de 60, se orgulhava de ser uma empresa automobilística brasileira de verdade, com capital nacional, não como coisas que se dizem brasileiras, como a feijoada e o Dr. Rey. A produção de carros cresceu até o começo dos anos 90, quando o então presidente Fernando Collor foi na TV, chamou o carro brasileiro de carroça, abriu o mercado para a importação e virou tema de um dos maiores sucessos do ABBA, “Fernando”. Com concorrência externa, a Gurgel viu seus carros fracassarem e a fábrica falir.


E cadê aquela galerinha com saudade? Você vê as pessoas restaurando mavericks e dodges e até fuscas, mas ninguém se gaba de ter um Gurgel com peças originais, e a explicação disso é simples: olhem para os modelos dos carros. Todos têm ângulos retos, são quadradões e compactos, e é muito difícil encontrar peças de Lego grandes desse jeito.

Lotação: dois playmobils ou três legos em pé.

#2 Papel Primavera Cor de Rosa

O produto: Lançado em 1969 pela Manikraft, o papel Primavera cor de rosa era tão áspero que conseguia até arredondar os cantos de um Gurgel. Porém, de acordo com a fabricante, tudo isso é intriga da oposição. Segue a explicação oficial (clique aqui para vocês verem que não é sacanagem da minha parte):

Os papéis cor de rosa, ao contrário do que muitos pensam, possuíam uma qualidade excelente e única no mercado. Porem inúmeras empresas locais passaram a fabricar papel higiênico de péssima qualidade nessa cor, usufruindo do prestígio conquistado pelo PRIMAVERA. Muitas pessoas que afirmam que o papel PRIMAVERA rosa era ruim, com certeza usou de outra marca.

A mensagem é clara, pessoal: se, algum dia, você sentiu seu c* ser lixado com um papel rosa, a culpa é sua que comprou um produto pirata.

E cadê aquela galerinha com saudade? Ninguém gostaria que Papel Primavera Rosa voltasse à venda, porque você pode até evitar comprar, mas sempre vai ter uma escola pública ou banheiro de rodoviária disposto a acariciar suas nádegas com essa lixa d’água. O mais divertido é que nem a Manikraft parece conseguir defender seu papel rosinha, já que, conforme consta no site da empresa, em 1996 foi criado o Papel Primavera Plus Branco, que substituiu o Papel Rosa. Hoje, sobraram apenas aquela famosa musiquinha, e muita busanfa ralada para contar a história para as novas gerações.



#1 Papatudo

O produto: no começo dos anos 90, o banqueiro Artur Falk e a Rede Globo pensaram “será que o brasileiro é idiota o bastante para comprar outra Tele-Sena?”. A resposta foi sim, e foi lançado o Papa Tudo, o título de capitalização que dá prêmios de montão, ajudava instituições carentes, tinha um jingle em cima de “Vale tudo” do Tim Maia, um mascote simpático, sorteios todos os domingos e a Xuxa pedindo para você falar com o papai e com a mamãe para comprar um. O tal banqueiro ficou conhecido anos depois por “Artur Desfalk”, então vocês já imaginam onde essa história vai terminar.


E cadê aquela galerinha com saudade? O Papatudo não volta porque o brasileiro, atualmente, não é mais idiota nem para comprar Telesena, imagina outro titulo de capitalização. Outra razão para o Papatudo não voltar é que ele era um trambique do grosso.


A promessa do Papatudo era que, depois de um ano, você poderia receber metade do valor de volta, ou interar e sair com um Papatudo novo da lotérica – o que é a mesma coisa que a Telesena faz até hoje. Acontece que o tal do Falk parou de pagar as casas lotéricas e os Correios, e esses pararam de reembolsar Papatudos, e a população começou a tomar no nariz. O Papatudo acabou e a última notícia que encontrei afirma que a justiça mandou indenizar quem ainda tiver títulos do Papatudo em 6 milhões de reais. E quantos mais títulos as pessoas tiverem, mais chances elas tem de ganhar! OH WAIT!

Agradecimentos a futura senhora dos Santos, Graziella Felizari, que me ajudou a colocar o Modess. A colocar na lista, evidente.

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Vinício dos Santosé um renomado ninguém. Volta e meia é confundido com outras pessoas, as quais ele só pode pedir desculpas e desejar melhoras. É o idealizador e quem mais posta no Puxa Cachorra!, o que revela muito sobre ele, e ainda mais sobre os outros membros. Escreve também para o Coisas Crônicas e é autor do romance Explo - pedra e picaretagem.

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